domingo, 23 de maio de 2010

A IGREJA RELEVANTE (PARTE FINAL)

* Por Maurício J. S. Cunha

Uma igreja relevante: empoderadora de vocações para a transformação social.

Entendo uma igreja relevante como uma grande empoderadora de vocações para a obra de transformação integral. Se pensamos em reforma social, especialmente em uma sociedade complexa como a nossa, precisamos compreender as diversas esferas da vida social, ou as diferentes “áreas de influência”: economia, direito, política, arte, ciência, família, educação, etc. Não há uma só destas áreas de expressão comunitária sobre a qual Cristo não deva governar e o seu Reino não deva ser estabelecido. Cada esfera, como sendo criada e estabelecida por Deus, tem princípios da cosmovisão cristã que podem ser aplicados. Esta é a ação redentora de Deus e da sua Noiva: a aplicação da Verdade em todas as áreas da vida.
Não há uma área que seja “neutra”, ou para a qual a Verdade revelada de Deus não tenha nada a dizer. Compreender isso é fundamental para encontrar a nossa própria vocação e andar nela, e para que possamos ser cooperadores de Deus na obra de redenção de todas as coisas.
À luz disso, concluímos que, se queremos ser relevantes, precisamos de, por exemplo, educadores que reflitam a cosmovisão cristã na área da educação: seus princípios eternos aplicados na formação dos seres humanos. Da mesma forma, políticos, artistas, cientistas, pais e mães, etc., devem pensar o que significa a aplicação da visão cristã de mundo nas suas respectivas áreas de vocação.
A igreja é um celeiro e uma grande depositária de vocações, talentos, recursos e potenciais, e nesse sentido, o papel da liderança deve ser o de orientar os membros para o serviço à sociedade, refletindo o nosso chamado como sal e luz. Há ainda muito a avançarmos nesta consciência e na formação de uma estrutura mínima que nos fortaleça e apoie as lideranças. Nesta difícil tarefa, acredito que será necessária a formação de pastorais específicas, para diferentes esferas de influência. Além disso, diferentes grupos, ministérios, denominações e igrejas precisarão associar-se em redes e alianças, do contrário não conseguirão adquirir uma relevância em seu contexto. Dada a complexidade da realidade social de hoje, os líderes deverão, cada vez mais, recorrer a ministérios-referência em diversas áreas, sendo orientadores da formação dos seus liderados. Líderes seguros, maduros e sinceramente preocupados com e relevância das congregações que lideram e com a sinalização do Reino atuarão como facilitadores para o desenvolvimento de vocações. Ministérios de excelência na área de família, artes, educação, formação política, organização comunitária, meio-ambiente, gênero, etnia, saúde, prevenção à violência, recuperação, apoio emocional e aconselhamento, etc., deverão continuar se estabelecendo como estruturas de sodalício a fim de apoiarem as igrejas locais em sua Missão.
Conclusão:
A Igreja é o único organismo capaz de ministrar às necessidades integrais do homem.
Essa afirmação é de suma importância e crucial para entendermos a real dimensão da nossa responsabilidade. O chamado ao serviço comunitário, ao exercício intencional da influência sobre as diferentes esferas da vida social está no âmago da mensagem cristã. Como eclesia, ou seja, “uma assembleia de santos voltados para fora”, precisamos recuperar a nossa vocação histórica de agentes de transformação e esperança. Nosso destino é sermos relevantes.
Neste caso, uma relevância interna não é suficiente. Espelhando-nos em Jesus, devemos procurar o testemunho externo ao grupo, grande legitimador da nossa mensagem profética de redenção. Partindo de uma forte vida devocional que emerge dos templos e dos quartos secretos com portas fechadas nas nossas casas, o testemunho social da igreja deve invadir as feiras e praças da cidade, o ambiente de trabalho, a escola, a empresa, a universidade. A fé cristã não cabe entre quatro paredes.
Neste agir transformador, e igreja vai revelando a peculiaridade da sua intervenção, que vai muito além dos modismos, das estatísticas ou do que é politicamente correto. É a manifestação contextualizada da Verdade refletindo quem Deus é: no serviço, na proclamação, na compaixão, na coragem, no amor.
Da mesma forma, nenhum outro movimento pode ter a capilaridade da igreja: estamos em quase todas as comunidades do país! Este potencial de alavancagem para a transformação social não pode ser desperdiçado. É na comunidade que a fé acontece e assume os seus contornos. É na comunidade que se acendem as candeias.
Isso é o que ansiamos: cada igreja, cada cristão como um agente de transformação da sua própria comunidade.

Maurício J. S. Cunha é diretor de programas da Visão Mundial e autor do livro O Reino entre Nós, Editora Ultimato.


Leia o texto anterior sobre esse assunto: Igreja Relevante (parte I)
                                                              Igreja Relevante (parte II)
                                                              Igreja Relevante (Parte III)

Um comentário:

  1. Simplesmente fantástico este estudo, nos revela a grande importância da igreja em nossa vida social. Belo encinamentos. Um abraço
    Alexandre de Oliveira Silva

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